2.10.13

PAN sobe nas previsões mas quem ganhou foi a Abstenção em Sintra



Como candidato à Câmara Municipal de Sintra pelo PAN às autárquicas de Sintra, quero agradecer a todos os 2.371 cidadãos e cidadãs que nos confiaram o seu voto no passado domingo dia 29 de Setembro. O vosso voto é útil, e é útil como voto de confiança e mudança também, e foi determinante e importante sabermos que as nossas ideias e propostas acolhem um cada vez maior número de pessoas que estão interessadas em novas bandeiras, novas políticas para Sintra, e que têm mais consciência e abertura para assuntos e ideias que a política normalmente em Portugal não aborda, por estar cada vez mais desligada das pessoas e da sua realidade. Deixem-me depois deste agradecimento à população, agradecer também as visitas e convites que nos foram endereçados, pelo SMAS, Associação de Defesa do Património de Sintra, Dínamo - Associação de Dinamização Sócio-Cultural, Associação de Moradores da Tapada das Mercês, Associação da Comunidade Islâmica da Tapada das Mercês, Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural em Sintra, Canil de Sintra, NAAAS - Núcleo de Animais Abandonados de Sintra, Antena 1, TSF, Rádio Ocidente, Tudosobresintra.com, Correio de Sintra, Cidade Viva, e outros grupo informais que nos fizeram chegar as suas ideias e sugestões.

Depois desta etapa que decidi aceitar através do PAN, quero partilhar alguns pormenores e conclusões da minha observação pessoal sobre o que sucedeu nestas autárquicas, em que pretendo partilhar a minha viagem ao cenário político e bastidores aos quais nunca tinha acedido, e partilhar com todos os que tenham curiosidade suficiente e desconhecimento sobre este assunto, tal como eu tinha antes de aceitar esta candidatura.

Primeiro, quem ganhou as autárquicas em Sintra, foi sem sombra de dúvidas, a abstenção: 60% das pessoas não votaram em Sintra. Por isso quero dar os meus parabéns a quem se absteve nestas autárquicas, porque embora seja da opinião de que esta abstenção é muito negativa para o processo democrático e que todos deveríamos participar independentemente das nossascrenças políticas, ela é um reflexo daquilo que os cidadãos pensam das políticas dos grandes partidos, um afastamento total da sua realidade e um contínuo desprezo pelas falsas promessas por cumprir. É sobretudo um aviso, um sinal de alarme, e um ponto sem retorno. Para todos nós. 

Quanto aos números finais, o PAN aumentou a sua percentagem em Sintra de votantes, e a nível nacional atingiu um número de eleitos recorde para assembleias de freguesia e da Câmara (em algumas autarquias dobrou os votos, noutras chegou a ultrapassar o dobro), algo nunca atingido por este partido. Infelizmente não tivemos a mesma possibilidade em Sintra, faltando nos cerca de 100 votos para que tivéssemos voz activa na Assembleia Municipal, logo, as nossas políticas, que consideramos que são de todos, animais não humanos incluídos, não estarão nos próximos 4 anos a ser sugeridas e debatidas nos locais, nos centros decisores e pelos protagonistas das poliíticas em Sintra. Apesar das sondagens nos darem inicialmente 1%, a verdade é que conseguimos para a Câmara 1,93% e para a Assembleia 2.39%, numeros finais.

Sintra foi um dos municípios recorde de abstenção no território nacional, chegando aos 60%. Traduzindo em números práticos, 6 em cada 10 pessoas não votaram em Sintra. Mais de metade das pessoas do prédio onde vive não foram às urnas. Mais de metade das pessoas que vivem na sua rua não votaram. Multiplique esta ideia por quase 400.000 habitantes em Sintra. É possível ficar indiferente a este desastre da não participação, de cada vez mais a maioria das pessoas não se reverem no sistema democrático? A nossa democracia está ferida de morte, existem feridas nas crenças e ideias e expectativas das pessoas e famílias, e isto merece reflexão, principalmente pelos partidos, mas não só. Se, por um lado, o sistema democrático pode ser posto em causa (o que nos faltará para isso? Chegar aos 70, 80, ou 90% de abstenção?), também não é menos verdade que todos nós somos a resposta para inverter a situação, e todos temos e devemos entender, não só os partidos e os políticos, mas os cidadãos comuns e as suas famílias, que observar a questão da abstenção e lidar com ela de forma frontal é um caminho para a discussão do que está errado, do que está a correr mal, e de tentar compreender os factos por mais que eles nos custem. O contrário a acontecer, vai levar a mais depressão, a mais fervilhar social, a mais embates e choques, e a cada vez mais afastamento uns dos outros. Não foram só os políticos que se afastaram das pessoas, as pessoas também não quiseram e não querem saber da política. De quem é a culpa? Isso é algo que deixo por responder, nos próximos meses, anos. Espero sinceramente que todos tenhamos uma voz activa no assunto, para o bem de todos, senão perderemos uma das melhores alturas e oportunidades que tivemos nestes últimos 40 anos de democracia, em descer à terra e aceitarmos as nossas limitações e as nossas potencialidades enquanto seres inteligentes e que acreditam na discussão de assuntos que nos tocam a todos, e não pode deixar ninguém de fora, tanto quanto possível.

O PAN introduziu na sua conduta como partido nestas autárquicas em Sintra, e como filosofia política, que partilho também eu enquanto cidadão, temas importantes em Sintra como a sustentabilidade económica e ambiental, políticas de turismo sustentável, aposta na juventude e nas suas capacidades enquanto participantes que não têm sido ouvidos na Câmara, políticas de "pormenores" que têm um grande impacto na vida de todos nós e na vida em geral (segundas-feiras sem carne, extinguir as touradas em Sintra, por exemplo), uma forte aposta na qualidade de vida das famílias, incluindo os seus animais que todos concordam ser membros da sua família humana, através de propostas como parques para pessoas e canídeos, e de desportos como skate, basquetebol, corredores verdes, etc... num parque que infelizmente ainda não chegou aos 400 mil habitantes de Sintra, e que tanto faz falta à vida, à rotina, ao dia-a-dia, aos pontos de encontro saudáveis que necessitamos para conviver em sociedade. Muitos concordarão comigo: em Sintra, leia-se Linha de Sintra, não se vive, sobrevive-se na correria do dia a dia, na desorganização apressada da vida e das exigências da sociedade e do trabalho. Por isso, esta discussão e as suas soluções não passam, não devem, ficar apenas pelos partidos, terão que ser as pessoas a tomar conta da suas capacidades e responsabilidades, da abertura da consciência da sua voz, e da cada vez maior expansão da nossa vida pessoal, da nossa comunidade, da nossa sociedade, e que não está alheia às políticas que decidimos apoiar e às suas consequências relativamente a todos nós, seres humanos, animais e ambiente. A voz não activa, a não participação, terá também resultados, e ela é também uma forma de fugir às responsabilidades, às consequências, e é também um virar de costas à sociedade, comunidade, vivência participativa que todos nós devíamos ter sido ensinados a ter. Não são só os partidos que têm que ensinar a democracia ao povo (e considero que existe muito por fazer nesse campo), são também as organizações educadoras, formais e informais, e as que fazem planos para um crescimento social sustentável e que apostam num crescimento do conhecimento, da igualdade, e da responsabilidade dos cidadãos. Mas isto não se aprende na escola, porquê? E isso é um erro que espero que a educação em Portugal saiba analisar, rever também as suas/nossas prioridades como elo de ligação aos cidadãos e famílias, e saibamos todos contribuir para a mudança que queremos ver acontecer. Mas cada um de nós, pode e deve ser a mudança que quer ver acontecer. É esse o sinal de esperança que deixo nesta minha última declaração como candidato à Câmara Municipal de Sintra. Vemo nos por aí, Sintra é grande, e as pessoas também engradecem Sintra. Bem hajam.

Nuno Azevedo